quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O segredo do panetone

Cap X

- Eu não sou desocupada sabia detetive? - Falou Pâmela irritada com tudo aquilo. - eu tenho meus compromissos.
- Eu tenho os meus também e estes incluem você. Estranho isso, pelo que ouvi você e o senhor de La Cruz eram bem próximos, me admira esse seu comportamento. Acredito que queira o caso solucionado.
- É eu quero sim, mas como o senhor disse, eu era bem próxima ao Maurício e... – com os olhos lacrimejando, limpou-os, queriam chorar e tapou a boca, pois estava a beira dos soluços, conteve-se e continuou - eu nem tive tempo de chorar sua morte, foi tudo muito rápido.
- Sente-se, sugeriu Lhama.
- Obrigada. Sabe... Foi de repente, ele não tinha problema algum de saúde. Ontem mesmo ele estava bem...
- Espere! A senhora o viu ontem?
-Sim, bom sempre fomos bons amigos, tínhamos muita consideração um pelo outro principalmente devido ao envolvimento que tivemos no passado. – disse Pâmela, com as lagrimas escorrendo-lhe pelo rosto – Sabe éramos muito apaixonados, mas tive que sair da cidade, e nossos pais nunca apoiaram o nosso namoro.
-Sim, soube do caso... da amizade de vocês – Disse com sarcasmo. Mas quero que me conte porque estavam juntos ontem e onde estavam.
- No inicio da semana tivemos uma discussão séria, mas quando recebi o panetone e o cartão que ele me mandou liguei para ele, pedindo para nos encontrarmos, ele atendeu o meu pedido e foi a até a minha casa na noite de ontem. Acabamos adormecendo, e hoje pela manhã aconteceu essa terrível fatalidade.
- Então ele lhe mandou o panetone com o cartão como um pedido de reconciliação?
- Bom não falamos sobre isso, mas certamente que foi, porque outro motivo seria? Sabe, na adolescência ele costumava me mandar cartões e panetones em todas as datas festivas, sabia o quanto eu gostava, certamente foi enviado por ele.
- E essa briga de vocês, por qual motivo ocorreu?
Pâmela o olhou com ar de insegurança, então o detetive inclinoou-se em sua direção e disse sussurrando:
- Não se preocupe Sra Anders o que for dito aqui será utilizado apenas nas investigações.
Neste momento o detetive não pode deixar de notar as pernas da moça, que estavam a mostra graças a um vestidinho florido, o decote também era profundo e a única coisa que lhe passou pela mente naquele instante era como sentia inveja de Maurício por ter tido nos braços uma mulher como Pâmela.
Ela percebeu o olhar do detetive mas continuou como se nada acontecesse:
- mesmo depois de tudo, Maurício e eu ainda nos amávamos e todos da cidade sabiam que mesmo casado, ele se encontrava comigo às escondidas..
- Por qual motivo brigaram? –insistiu o detetive.
- Por causa de Catarina, ela o ameaçou dizendo que levaria o garoto embora com ela caso não terminasse comigo. E o velho.. ah aquele velho mentiroso e hipócrita...
- O Sr antônio, o vizinho?
- Ele mesmo, vivia fofocando e espalhando calúnia dos outros. Foi graças a ele que minha família teve que se mudar anos atrás. Ele acusou meu pai de matar o Sr De La Cruz, o pai de Mauricio. Ele estava dizendo ao Maurício que o melhor que ele faria era separar-se de mim, o que mais me indignou foi o fato de ele deixar que outras pessoas interferissem no nosso relacionamento.
-Uma última pergunta. Você estava de manhã com ele quando tudo aconteceu. Como ele morre de repente estando você ao lado?
Pâmela baixou a cabeça e falou do jeito que estava:
-Eu me arrependo de cada minuto quando penso que eu poderia ter feito algo. Mas ele era tão carinhoso que não pude recusar. Ele me acordou com beijos e disse que iria preparar o café para comermos com o panetone, eu insisti para que ficasse na cama, que não era necessário, mas eu não consegui impedi-lo de me fazer um carinho...- quase aos prantos, levantou a cabeça e continuou – eu fiquei um pouco mais na cama admirando o céu pela janela. O cheiro de café me levantou... fui ao banheiro, me banhei, coloquei um roby e desci as escadas, seguindo o aroma. Quando cheguei...
Neste momento, Pâmela não aguentou e chorou... e entre soluços continuou sob o olhar piedoso de Lhama que estava quase a abraçá-la.
-Quando cheguei, lá estava ele, com a cabeça mergulhada em uma poça de sangue. Fiquei em choque. Não sei quanto tempo passei parada até que eu despertei e liguei... para alguém não sei se para o hospital ou para a polícia, sei que liguei,pedindo ajuda e logo me apareceram viaturas e uma ambulância.
Ela parou de narrar, já não estava mais em condições de falar nada e desabou a chorar. Quando Lhama interrompeu:
- Acho que já chega.

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