sábado, 7 de novembro de 2009

O Segredo do Panetone

Cap V

- O que sei – continuou o velho – é que assim que Catarina soube do romance da Pâmela com o marido, chutou o coitado do Robson para escanteio. Começou a tomar como objetivo reconquistá-lo. Sempre foi possessiva e encarava tudo como competições... essa era mais uma... e uma que ela não aceitaria perder de forma alguma.

Lhama ouvia tudo com muita atenção, cada vez mais indignado.

-Não que Catarina voltasse a sentir o amor que sentia por Maurício na adolescência, mas a idéia de perder a segurança e o conforto que ele lhe proporcionava provavelmente a assustava. Passou a cuidar mais da casa e fazer de tudo para agradar o marido. Não se envolvia tanto com os assuntos da fábrica, ao invés disso, não saia mais do salão, fez até algumas plásticas. - Lhama o olhou assustado e o velho continuou – Sim Sr detetive, como acha que ela conseguiu aqueles... bom também começou a olhar mais para o filho, passou a levá-lo a escola e ir as reuniões, porém a ele nunca a vi muito apegada.

Lhama olhou pela janela e imaginou há quanto tempo estaria ali, há quanto tempo estaria aquele garotinho brincando solitariamente enquanto a mãe estava na delegacia esperando para dar o seu depoimento. Vieram-lhe algumas lembranças a mente que ele logo fez questão de afastar pedindo para que o velho continuasse.

- E o Maurício no meio dessa situação? – perguntou.

- Ah, já estava tão envolvido com a Pâmela que não tinha mais olhos pra mulher. Na verdade nunca teve, casou porque lhe convinha. Passava cada vez mais o tempo fora de casa, e muitas vezes levava o filho com ele, tinha medo do garoto com a mãe. Ver o marido tão distante a agonizava, estava cada vez mais irritada e temente à separação, discutia com tudo e todos, era visivelmente uma mulher “mal amada”, foi então que ela passou a ameaçá-lo.

- Você disse que o Maurício levava o filho quando saia. Qual a relação dele com a Pâmela? – indagou o detetive.

- Aparentemente uma relação amigável. Pâmela era sempre amável, brincava com o garoto. Aquela sim era uma relação de família. Porém os encontros de Maurício e Pâmela sempre eram as escondidas e disfarçavam dizendo a todos da cidade que tinham uma relação de extrema amizade e consideração por tudo que tinham no passado, o que pouca gente acreditava, mas acho que é assim que o garoto a vê, como uma grande e velha amiga de seu pai. O garoto gosta muito dela, e ela ainda mais dele.

- Algo me ocorreu agora - começou o detetive – estamos em uma cidade pequena e certamente as duas se encontravam com freqüência...

- Sim, encontravam-se não somente em lugares públicos... Pâmela ia sempre à casa de Maurício para ver o garoto. Mas as duas nunca brigaram, não que eu tenha visto pelo menos. Como disse o que incomodava Catarina era perder o conforto que tinha, se Mauricio tivesse se envolvido com qualquer outra mulher da cidade acho que ela não teria ligado, se importou apenas porque ela sabia que corria forte risco de perder tudo que já havia conquistado.

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