domingo, 15 de novembro de 2009

O Segredo do Panetone

Cap XV

Lhama ficou surpreso, a muito não recebia visitas no natal, e pra dizer a verdade, em nenhuma outra data.
Ficou olhando para a porta até que ouviu a campainha tocar novamente, caminhou até a porta e para o seu espanto, quando a abriu deu de cara com ela, mais bonito que o normal, com os cabelos loiros e soltos caindo como cascata pelas costas, dentro de um curto vestido vermelho com um decote profundo. Segurando uma garrafa de vinho e um panetone, estava ali a sua porta, Catarina.
-Boa noite detetive – cumprimentou a moça – estava em casa quando resolvi vir lhe fazer uma visita. Sei que não mora na cidade há tanto tempo, assim como todos na cidade sabem que o senhor não tem família e amigos por aqui.
-Sim sim, passarei este natal sozinho, se reparar não tenho pisca-pisca nas janelas, enfeites ou se quer uma arvore montada em minha casa.
-Não me chamarás para entrar? – interrompeu-o Catarina – Não é gentil de sua parte deixar uma viúva esperando na soleira de sua porta.
Porém ela foi entrando assim mesmo, sem ao menos ter recebido o convite.
- Sei que ainda é véspera, mas – disse-lhe dando o panetone e o vinho – feliz natal detetive. Espero ao menos poder ficar para tomar o vinho com o Sr.
Nem um pouco satisfeito, o detetive foi até a cozinha pegar o saca rolhas e quando voltou à sala já encontrou Catarina sentada no sofá. Pegou duas taças na cristaleira praticamente vazia abriu o vinho e o serviu nas duas taças, deu uma delas para a Sra e sentou-se no sofá ao seu lado.
Catarina era uma mulher persistente e fingiu não perceber que não era bem vinda, puxando conversa e contando-lhe casos da infância ou até mesmo boatos sobre pessoas da cidade, acabaram com a primeira garrafa de vinho. O detetive que sem perceber se entretera na conversa, abriu o único vinho que tinha em casa, quando este chegou ao fim abriram uma garrafa de uísque, Lhama bebeu o suficiente para ficar alegre, enquanto a moça apenas fingia.
Insinuando-se cada vez mais, Catarina precipitou-se. Achara que Lhama estava o suficientemente bêbado para não resistir as suas investidas se jogou sobre ele decidida a beijá-lo. Lhama, porém a deteve
- Não seria de bom tom me envolver com alguém diretamente ligado há um dos casos de que cuido Senhora. Sinto muito, mas terá de procurar consolo em outros braços.
Meio desgovernada e sem saber de onde viera o golpe certeiro que lhe obrigara a para com as investidas defendeu-se:
- Sinto muito Sr, é claramente visível que bebi um pouco além da conta, a influência do álcool somada com a falta que tenho sentido do meu marido me levou a tomar essas atitudes.
Lhama a olhou, em seus olhos era visível a pena que sentia da viúva, e também um pouco de amargura, pois no fundo ele sabia que se não estivesse envolvido neste caso ele teria aceitado as insinuações da viúva.
- Peço-lhe que me desculpe pelo modo grosseiro, mas gostaria que fosse embora, tenho certeza de que seu filho esta sozinho em casa e precisa de você muito mais do que eu. Posso passar mais um natal sem companhia, tirarei isso de letra, já o garoto acabou de perdeu o pai, vai precisar da mãe por perto muito mais do que o normal.
- Meu querido filho já estava dormindo quando sai.
-Mas há possibilidades de que acorde no meio da noite, afinal, é véspera de natal.
Ele a acompanhou até a porta e despediram-se com apertos de mão
- Boa noite então Sr. Não esqueça de provar o panetone, este ainda é da ultima fornada, feita pelo meu marido antes de falecer.
- Agradeço e irei prová-lo certamente, já ouvi dizer maravilhas destes panetones.
A Sra De La Cruz deu às costas a casa do detetive caminhou até o carro e saiu. O detetive assistiu a cena da porta, quando o carro de Catarina já estava fora de sua visão, percebeu que não queria ficar em casa. Certamente não encontraria ninguém na rua, mas quem sabe ainda não havia um bar aberto.
Bateu a porta e saiu sem nem mesmo a trancar.

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